Homologação de Carregadores sem Fio no Brasil
Última atualização: 2 dezembro 2015
Carregadores de bateria sem fio estão se popularizando ao longo dos anos, devido à sua praticidade e versatilidade especialmente para dispositivos móveis. Nesse artigo, vamos mostrar como os carregadores sem fio são homologados no Brasil e quais agências são responsáveis pelo processo.
Carregadores de bateria sem fio operam de maneira bem simples, através da criação de um campo eletromagnético pela indução entre duas bobinas, uma na base do carregador e outro na bateria do dispositivo móvel. A transferência de energia sempre envolve uma base de carregamento e um dispositivo móvel, ambos adequadamente isolados de forma a evitar o contato direto do usuário com o campo magnético. O sistema funciona basicamente como um transformador ressonante sem núcleo. A maior proximidade entre as duas bobinas garante a eficiência na transferência de energia. Uma única base de carregamento pode recarregar múltiplos dispositivos dependendo de sua compatibilidade e configuração, e nesse caso ele possui diversos transmissores.
Atualmente o carregador sem fio é, em sua maioria, utilizado em telefones celulares, especialmente em modelos recentes de marcas como a Samsung e Nokia. Novas aplicações estão sendo desenvolvidas para aproveitar as diversas vantagens que a tecnologia oferece. Fabricantes estão realizando pesquisas para produzir móveis com a tecnologia de transferência de energia sem fio embutida, e até mesmo para carregar carros elétricos, computadores e outros dispositivos portáteis. No Brasil, a tecnologia ainda está limitada a smartphones e smartwatches de marcas específicas.
Padrões Aplicáveis aos Carregadores Sem Fio
Existem dois padrões internacionais que são utilizados pelos fabricantes para o desenvolvimento de carregadores sem fio em geral: o Qi da Wireless Power Consortium, e Rezence da PWA e A4WP, que recentemente se fundiram e criaram a AirFuel. Estes padrões são adotados pelas principais marcas, com a Procter & Gamble, Samsung, Microsoft e Intel. Ambos os padrões possuem pequenas diferenças entre si, entretanto espera-se que que as empresas se juntem para criar um padrão único para a transferência de energia sem fio.
O Qi é atualmente a tecnologia mais empregada em dispositivos, transferindo em média 5W de potência, contudo novas versões do padrão permitem uma transferência de 15W, similar ao carregamento com fio. O carregador utilizando o padrão opera na faixa de frequência de 100 - 205 kHz.
O padrão Rezence é considerado o mais avançado, utilizando ressonância magnética de proximidade, ou NFMR em inglês, para a transferência de energia em uma frequência fixa de 6,78 MHz. O carregador com essa tecnologia é capaz de operar em ambientes adversos, como em aqueles com barreiras ou presença de metais, tal como o interior de carros, além da habilidade de carregar mais equipamentos ao mesmo tempo.
Certificação e Homologação
A Anatel é responsável pela certificação e homologação de carregadores sem fio para dispositivo de telecomunicações, considerado um equipamento de radiação restrita. Um equipamento de radiação restrita é definido como um equipamento ou dispositivo que utilize radiofrequência para aplicações diversas, no qual a emissão produza um campo eletromagnético com intensidade dentro dos limites estabelecidos.
Os carregadores sem fio são incluídos na Categoria II para homologação da Anatel que atende aplicações rádio-elétricas para transmissão de sinal, incluindo antena, equipamento de radiação restrita, transceptores e similares. Desta forma, equipamentos de transferência de energia passam pelo mesmo processo de outros na mesma categoria.
A Anatel considera os seguintes requerimentos:
- emissão de interferência eletromagnética: limites para interferência emita pelo equipamento, seja por condução ou irradiado
- emissão por linhas de transmissão (AC/DC)
- imunidade a interferências eletromagnéticas: garantir operação normal quando o equipamento for submetido a tais interferências com intensidade compatível
- resistência a interferência eletromagnética
- teste de imunidade a surto de energia
- largura de banda de frequência operacional
- frequência irradiada (e.i.r.p.)
- intensidade de campo
- risco de incêndio, choque elétrico e aquecimento excessivo
Para fontes de energia de dispositivos de telecomunicação, os testes de emissão devem ser feitos na energia de entrada e saída.
Os limites gerais de emissão de acordo com a Anatel são especificados na tabela abaixo.
Largura de Banda de Radiofrequência (MHz, quando não especificado) | Intensidade de Campo (microvolt por metro) | Distância de Medida (metros) |
---|---|---|
9 - 490 kHz | 2 400/F(kHz) | 300 |
490 - 1705 kHz | 24 000/F(kHz) | 30 |
1 705 - 30 | 30 | 30 |
30 - 88 | 100 | 3 |
88 - 216 | 150 | 3 |
216 - 960 | 200 | 3 |
Os testes aplicados são relacionados à compatibilidade do campo eletromagnético e segurança elétrica, seguindo padrões específicos do IEC, o International Electrotechnical Commission, ITU-T, o International Telecommunication Union, CISPR e ABNT.
O INMETRO é responsável pela certificação de carregadores de bateria sem fio para o uso em produtos em geral, exceto aqueles de telecomunicações. O instituto usa a mesma regulamentação e normas aplicadas pela Anatel durante o processo de certificação de homologação.