Pirataria e Mercado de Software no Brasil

O Brasil ganhou uma reputação internacional de ser um país afetado pela pirataria de software. Nesse artigo vamos analisar alguns dos efeitos da pirataria sobre o mercado de software nacional.

Diversos vendedores de software estrangeiros têm dúvidas sobre estabelecer filiais no Brasil e traduzir seus produtos para o português. Em muitos casos, a maior causa de apreensão por parte dessas empresas é a questão da pirataria e do quanto ela pode afetar seus investimentos no mercado brasileiro, apesar de dados indicarem que nos últimos anos esse problema se tornou menos predominante no mercado nacional do que já foi em outros períodos. Segundo a Business Software Aliance, de 2007 a 2013 a adoção de software não licenciado no país caiu de 59% para 50%.

Mesmo após a divulgação de estudos diversos sobre esse fenômeno, o Brasil mantém a imagem de ser um dos países mais afetados pelo consumo não-autorizado de produtos digitais. É importante analisar como essa imagem do mercado brasileiro de software foi construída, principalmente tendo em vista que o problema da pirataria pode ser na verdade muito mais prejudicial para outros países que, por diversos motivos, não possuem essa fama.

No caso do Brasil, podemos relacionar a criação dessa imagem com a veiculação de conceitos equivocados por parte da imprensa estrangeira especializada, entre eles os de que não existe proteção legal para donos de propriedade intelectual, e de que infratores desses direitos não tem punição. Na verdade, o Brasil possui leis rígidas sobre direitos de uso de software, e quem as infringe pode receber multas custosas ou penas de até quatro anos de prisão.

Existe também o lado da visibilidade da pirataria realizada por meios físicos. Em grandes centros urbanos e até mesmo em cidades menores é possível encontrar um grande número de vendedores de rua oferecendo produtos ilegais, o que não é possível de ser encontrado em países como os Estados Unidos.

Esses cenários, no entanto, não revelam o volume total de produtos pirateados que circulam em cada país, principalmente porque sua distribuição se dá na maior parte dos casos por meios digitais como sistemas de compartilhamento de arquivos entre usuários. O ranking publicado pela Business Software Aliance em 2013 revelou que naquele ano as perdas causadas pela pirataria nos Estados Unidos foram mais de três vezes maiores do que as do Brasil, ainda que o país norte-americano não seja conhecido por ser um mercado afetado por essa prática.

Vendedores de software que desejam explorar o mercado brasileiro devem questionar o quanto de suas vendas são geradas por canais físicos, e se vale a pena arriscar a perda dessa fonte de receita durante a expansão para o país.

Conveniência e Canais de Venda

Uma questão que dificulta a expansão do mercado de software no Brasil são os canais de venda e meios de pagamento estabelecidos para esses produtos. Em uma rápida observação já é possível perceber que a maior parte dos departamentos de TI de empresas brasileiras preferem pesquisar sobre as opções de software pela internet, mas poucos executivos estão dispostos a permitir a compra desses produtos por meio de canais online.

O problema reside nos métodos de pagamento que são oferecidos para a compra de software. Boletos bancários e faturas são, na maior parte dos casos, as principais opções de método de pagamento para empresas nacionais, embora exista um grande número de lojas online de software que só permitem pagamento por cartão de crédito, por exemplo.

A falta de disponibilidade de meios de pagamento impede a conversão desses clientes, até mesmo para a compra de ferramentas de software de baixo custo. Por isso, em alguns casos pode se tornar mais fácil e conveniente para as empresas recorrerem à pirataria.

Como Tratar o Mercado de Software no Brasil

Alguns estudos indicam que os softwares mais pirateados do Brasil são os das empresas Microsoft e Autodesk, e que até 70% dos usuários de seus produtos usam versões não licenciadas. Mesmo assim, ambas empresas possuem negócios de sucesso no país.

A verdadeira pergunta que vendedores de software devem se fazer é a do custo de oportunidade. Por exemplo, se o potencial de mercado para seu software no Brasil é dez vezes maior do que o da França, apesar de estar sujeito a taxas de 50% de pirataria, qual desses mercados poderá se tornar o mais lucrativo? A pirataria deve ser tratada como uma variável em planos de negócios no momento de avaliar o potencial de mercado para softwares no Brasil, e não como um impedimento.

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