Gerenciamento de Lixo Eletrônico no Brasil

O Brasil está entre os maiores produtores de lixo eletrônico no mundo, com mais de 1,4 milhão de tonelada produzido anualmente. Neste artigo vamos apresentar um panorama sobre como o lixo eletrônico é tratado no Brasil.

A indústria de eletrônicos no Brasil está crescendo exponencialmente a cada ano, desenvolvendo atualizações para seus produtos em um período tão curto quanto 6 meses. Desta forma, o país já está entre os maiores de produtores de lixo eletrônico, ou e-waste, no mundo, totalizando 1,4 milhão de tonelada por ano, ou aproximadamente 7 kg por habitante. De acordo com a ONU, o Brasil é o país no mundo que mais descarta equipamentos ultrapassados na natureza.

Os equipamentos eletrônicos geralmente trazem em seus componentes uma grande quantidade de materiais perigosos, podendo causar sério impacto no meio ambiente quando descartados incorretamente. Pesquisas recentes mostram que o impacto não é apenas ambiental, mas também econômico, uma vez que a maioria destes materiais podem ser reciclados e retornados ao processo de fabricação, economizando energia elétrica e recursos naturais. Os equipamentos eletrônicos modernos podem conter até 60 tipos diferentes de elementos, alguns valiosos, perigosos ou ambos.

Políticas públicas recentes têm incentivado investimentos no mercado de reciclagem de eletrônicos. Entretanto, custos adicionais diminuem o interesse das empresas em reciclar o e-waste, já que os produtos já recebem uma alta carga tributária.

A situação do lixo eletrônico no Brasil

Por ainda serem recentes, as políticas para o tratamento de lixo no Brasil ainda não está totalmente difundida entre a maioria da população. Apenas 13% do lixo eletrônico produzido no país é tratado corretamente. De acordo com dados no Ministério do Meio Ambiente, 500 milhões de equipamentos permanecem sem uso nas residências.

É estimado que cada tonelada de lixo eletrônico processado gera em torno de US$ 500. Uma pequena empresa de reciclagem de e-waste pode lucrar, anualmente, em torno de R$ 500 mil. Esse tipo de reciclagem está presente em todo o território e, normalmente, é especializada no processamento de frações de materiais, que possuem maior valor agregado. Contudo, o processo ainda está muito concentrado em algumas poucas empresas e regiões para representar uma atividade sustentável.

O Brasil ainda não possui estudos específicos que forneçam dados precisos sobre o descarte de lixo eletrônico e seu tratamento. O mesmo se aplica aos regulamentos, que são ainda os mesmos utilizados para outros tipos de lixo.

Regulamentação para o tratamento de lixo eletrônico

Em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, ou PNRS, foi publicada, regulamentando o tratamento adequado para o lixo em geral. Apesar de não especificar uma norma para o lixo eletrônico, esta pode ser aplicada em sua maioria, para esse tipo de material. O Brasil é um dos poucos países da América Latina que possui regulamentações que, de alguma forma, são aplicadas ao tratamento de lixo eletrônico.

A PNRS estabelece que toda instituição e organização é responsável por separar e descartar corretamente os resíduos que produzem, o que inclui a indústria, o comércio, os municípios e consumidores. Seguindo essa premissa, as empresas estão investindo em operações de logística reversa a fim de coletar seus produtos no fim do ciclo de vida. Os consumidores devem participar desse processo, separando os resíduos adequadamente e levando para postos de entrega autorizados.

A PNRS classifica eletroeletrônicos e lâmpadas fluorescentes como resíduo sólido especial, os quais devem ser obrigatoriamente coletados por seus produtores, devido ao alto risco ambiental que representam.

Programas de logística reversa

A maioria das empresas no Brasil já está investindo em programas de logística reversa, desde fabricantes e supermercados até universidades e entidades governamentais. Os produtos coletados geralmente passam pelo processo de descaracterização, reutilização e são encaminhados para o destino correto após o fim do seu ciclo de vida.

Contudo, ainda há desentendimentos com relação à responsabilidade que cada um possui neste processo, o que causa empecilhos para a implementação de programas de logística reversa no país. De acordo com a PNRS, a responsabilidade está dividida entre fabricantes, distribuidores e revendedores, aqueles que levam os produtos ao mercado. A Política também tornou obrigatório o retorno de embalagens de eletrônicos e seus componentes.

As indústrias da cadeia de logística reversa para o reuso de produtos no Brasil está espalhada por todo o país, e é composta em sua maioria por micro e pequenas empresas, que usam baixa tecnologia na reciclagem. O país ainda não possui capacidade suficiente para processar a capacidade estipulada pela PNRS, sendo que a maioria dos procedimentos de reciclagem ainda não está disponível no Brasil, como por exemplo o processamento de placas de circuito impresso e carcaça plástica de televisores.

Empresas do mercado de lixo eletrônico

Existem algumas empresas maiores especializadas na reciclagem de lixo eletrônico que já operam efetivamente no Brasil. Nós selecionamos os principais recicladores do país:

  • Ecobraz: a empresa é especializada na coleta e reciclagem de aparelhos eletrônicos. O projeto está presente na região metropolitana de São Paulo, oferecendo serviços para empresas, consumidores, fabricantes e organizações governamentais.
  • Reciclagem Brasil: com sede na cidade de Cabreúva, em São Paulo, a empresa gerencia lixo eletrônico. A Reciclagem Brasil é especializada em fornecer o destino correto para os resíduos de empresas, entre eles computadores, telefones e cabeamento. A empresa também oferece soluções para a reutilização de aparelhos eletrônicos.
  • CEDIR: o CEDIR é um projeto criado pela USP para tratar o lixo eletrônico e enviá-los à empresas de reciclagem. Alguns de seus componentes são destinados para o reuso em projetos sociais.
  • Coopermiti: a empresa é parceira da Prefeitura Municipal de São Paulo e oferece gerenciamento, processamento e reciclagem de lixo eletrônico.
  • Descarte Certo: oferece serviços de coleta e reciclagem para consumidores e empresas, trabalhando com as maiores empresas do país como o Santander, Zurich Seguros, Oi e Carrefour. A empresa trata de uma grande variedade de produtos desde telefones celulares e fones de ouvido até máquinas de lavar e refrigeradores.
  • Estre: fundada em São Paulo, a empresa recicla todos os tipos de materiais e resíduos eletrônicos. As operações da Estre incluem a desmontagem, separação e reciclagem dos equipamentos coletados por seus serviços.
  • Lorene: é uma das pioneiras no tratamento de lixo eletrônico no país, operando nas principais cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte. Certificada pelas maiores organizações ambientais, a empresa opera em todos os setores do processo de tratamento de resíduos.
  • RecicloMetais: a empresa oferece tratamento de lixo eletrônico em todos os seus estágios, coletando e reciclando a maioria dos tipos de materiais e equipamentos.
  • Recicladora Urbana: localizada na cidade de Jacareí, a Recicladora Urbana oferece logística reversa e gerenciamento de resíduos para empresas e organizações.

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