Mercado de E-Saúde no Brasil

O Brasil possui uma das mais avançadas estruturas de assistência médica e serviços na América Latina, e é um dos pioneiros na adoção de várias tecnologias na região. Neste artigo vamos discutir o desenvolvimento do mercado de e-saúde no Brasil e as áreas com os maiores potenciais de crescimento.

Com a população brasileira envelhecendo cada vez mais rápido, com expectativas de vidas dando saltos a cada ano, e o congelamento de gastos orçamentários governamentais, é cada dia mais urgente que os investimentos sejam usados de maneira mais eficiente para levar serviços de saúde para toda a população. A constituição brasileira assegura a todos o direito ao acesso à saúde, e serviços digitais e sistemas de e-saúde são aparentemente a forma mais direta de se atingir isso.

Há evidências contundentes de que grandes investimentos em tecnologia virão tanto do setor particular quanto público nos próximos anos. O Ministério da Saúde anunciou em dezembro de 2016 um investimento de R$ 67 milhões destinados à compra de 3 supercomputadores, que conseguirão integrar todos os sistemas utilizados pelo governo, compartilhando recursos e unificando prontuários médicos eletrônicos em um sistema único. O serviço de saúde público, SUS, está migrando os dados de papel para prontuários eletrônicos, mas apesar do prazo final para a migração completa ter sido estipulado para dezembro 2016, apenas 35% das unidades do SUS haviam aderido ao sistema até esta data.

Adoção da Telemedicina e Tele-Educação

Desde os primeiros projetos no Brasil, na metade da década de 90, a telemedicina é considerada um dos sistemas de e-saúde com a adoção mais ampla tanto no setor privado quanto público. A vasta maioria dos hospitais particulares possuem recursos de telemedicina e eles são comumente encontrado em hospitais universitários e também em alguns dos hospitais da rede SUS.

O SUS vem implantando em vários municípios um programa chamado Programa Telesaúde Brasil Redes, que tem como objetivo levar cuidados à áreas que não possuem o nível mínimo de serviços de assistência. Desde o seu lançamento em 2007, o programa foi expandido para outras áreas, e se mostrou uma ferramenta primordial não apenas para levar educação aos profissionais, mas também para reduzir o número de transferências de pacientes para hospitais ou outras instalações em 70%, evitando assim viagens longas e desnecessárias para pacientes.

Porém, um dos grandes desafios não somente para este programa, mas para a telesaúde em geral, não está somente na aceitação da tecnologia, mas na legislação existente no país. De acordo com ela, consultas não podem ocorrer somente online ou via telefone, sendo o contato pessoal entre o paciente e o profissional sempre necessário, limitando assim a capacidade integral que a tecnologia tem a oferecer.

A telemedicina tem também sido testada com sucesso fora dos ambientes hospitalares mais tradicionais, em uma parceria entre a concessionária de rodovias CCR e o Hospital Israelita Albert Einstein, que transmitem os dados vitais de acidentados diretamente do local do incidente, do momento que a vítima recebe os primeiros socorros até sua chegada ao hospital. Isto permite que os médicos monitorem e intervenham no tratamento do paciente antes de sua chegada ao hospital. O projeto piloto teve início no final de 2016, e deve ser expandido para hospitais públicos que atenderão as ocorrências nesta rodovia.

Outra área que tem sido muito explorada com a expansão da internet no Brasil são os serviços de tele-educação relacionados à saúde, ou telesaúde. De forma geral, brasileiros são preocupados com suas saúdes, e serviços relacionados à informação ou educação são bastante procurados. Operadoras de telefonia consideram serviços educativos de saúde um de seus serviços de valor agregados mais importantes e promovem-os com bastante frequência. O Google também notou o potencial do mercado e lançou em março de 2016 quadros com informações de saúde com detalhes sobre as doenças mais comuns. O serviço de quadros de informações sobre doenças foi desenvolvido no escritório brasileiro do Google, que foi o segundo país a receber o serviço.

Gerenciamento de Conhecimento e Pesquisa

Todos os sistemas de TI relacionados ao SUS são gerenciados pelo DATASUS, um departamento dentro do SUS responsável pelo gerenciamento de informações de saúde, financeiras e administrativas de toda a organização. O DATASUS possui sistemas para coletar e processar informações sobre registros de novos casos de doenças, imunizações, epidemias, entre outros. Infelizmente nem todos sistemas do DATASUS estão totalmente integrados uns aos outros.

Além destes, há outros projetos esporádicos como o Risco Dengue, anunciado em 2010 pelo Ministério da Saúde. Lançado como um projeto piloto, a ferramenta utiliza dados históricos e outros parâmetros para determinar o risco de novos surtos da doença em diferentes áreas do Brasil. Os resultados geram mapas de calor que permitem que os municípios possam tomar medida preventivas em áreas com alto risco de epidemias.

Uso de Sistema de Informação de Saúde

Ferramentas como as de agendamento de consultas e exames online já estão disponíveis e tem sido amplamente utilizadas pelos brasileiros por vários anos. Serviços de agendamento são bastante comuns principalmente entre empresas de planos de saúde como a Amil, Bradesco Saúde e Unimed. Através destes serviços é possível logar-se, e baseado no perfil de seu plano, navegar pela lista dos profissionais disponíveis e agendar sua consulta online.

Serviços de envio automático de SMS, que enviam lembretes sobre consultas, são também bastantes difundidos, até mesmo por clínicas de pequeno porte. Uma das empresas que fornecem este tipo de serviço no Brasil é a iClinic, que afirma que tal sistema reduz o número de faltas em até 30%.

Laboratórios e hospitais também enviam e-mails lembretes aos seus pacientes antes de exames e testes, principalmente em casos onde há preparações ou recomendações a serem seguidas antes do procedimento. Alguns laboratórios disponibilizam os resultados dos testes online, que podem ser acessado pelo paciente mediante usuário e senha.

Mercados a Serem Explorados

Se existem mercados como a telemedicina, que já foram completamente explorados, existem outros que são ainda inexistentes como a e-prescrição, que é o uso de receitas médicas eletrônicas. A maioria das receitas médicas emitidas por hospitais ou clínicas são escritas à mão, e as opções de medicamentos são geralmente consultadas em livros. Não existem sistemas centralizados que lidam com as receitas eletrônicas, portanto a única forma de controle que existe é a retenção das receitas de medicamentos controladas na farmácia.

Outras áreas que não foram completamente intocadas, mas ainda assim possuem grande potencial no Brasil são em m-Health, ou saúde móvel, e de produtos ou serviços relacionados à Internet das Coisas. A ascensão no número de registro de doenças relacionadas ao sedentarismo como a diabetes, que possui alto nível de mortalidade no Brasil, aliado ao fato dos brasileiros terem grande preocupação com suas saúdes, cria um ótimo mercado para soluções de monitoramento via internet.

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