Introdução ao Sistema Brasileiro de TV Digital 

O sistema de transmissão digital de sinais de televisão é utilizado no Brasil desde 2007. Nesse artigo vamos descrever a história e as características do Sistema Brasileiro de Televisão Digital.


História da TV Digital no Brasil

Pesquisas para a implementação de Televisão Digital no Brasil datam à década de 1990, quando instituições brasileiras inciaram análises sobre os múltiplos sistemas de transmissões de sinais de televisão disponíveis no mundo a fim de determinar qual deles atenderia às necessidades futuras do país. Em 2003, um comitê formado pela Anatel e pelo CPqD, recebeu a tarefa de escolher e desenvolver o sistema no qual transmissões de TV Digital seriam baseadas.

A escolha dependia de vários parâmetros, principalmente das capacidade para realizar transmissões de alta qualidade, interatividade com conteúdo, recursos de governo eletrônico e recepção por dispositivos móveis. Esse rigor em relação ao futuro sistema de TV Digital estava relacionado à disseminação de televisores no país, e o suposto uso desses dispositivos como plataformas de interatividade. Naquele ano, mais de 90% de domicílios no Brasil possuíam um televisor, enquanto somente 11% deles tinham um computador com acesso à internet.

Em 2006, foi anunciado que o Sistema Brasileiro de Televisão Digital seria baseado em um padrão japonês chamado de ISDB-T, uma abreviação para Transmissão Digital Terrestre de Serviços Integrados. Ao contrário dos padrões ATSC, utilizado na América do Norte, e DVB-T, utilizado na Europa, o padrão japonês ISDB-T foi escolhido como o formato da TV Digital brasileira por oferecer características como estabilidade de sinal para dispositivos móveis e superior recepção dentro de edifícios. O governo brasileiro também foi isento de pagar royalties pelo uso da tecnologia a autoridades japonesas.

Em 2014, aproximadamente 62% da população do país era servida com canais de TV digital, e até 2018 o governo espera finalizar a transição do sistema analógico. O formato brasileiro de TV Digital, conhecido como ISDB-Tb, ISDB-T Internacional ou SBTVD, também foi adotado por países como Peru, Equador, Argentina e Filipinas.

Especificações do ISDB-Tb

O sistema brasileiro de TV Digital implementou várias adições ao ISDB-T original, como novo formato de compressão de vídeo, um middleware de interatividade e maior taxa de quadros para transmissões a dispositivos móveis.

Arquitetura de transmissão

Canais do sistema brasileiro de TV digital usam um intervalo de 6 MHz, divididos entre 13 segmentos, e podem ser transmitidos em espectros VHF ou UHF. O padrão de multiplexação para transmissões é MPEG-2, com modulação BST-OFDM.

Correção de erros utiliza processos Time Interleaving e Frequency Interleaving. Uma banda de 700 MHz é utilizada exclusivamente para sinais de retorno utilizados para a interação de espectadores com o sistema, enquanto transmissões para dispositivos portáteis utilizam a mesma tecnologia 1-Seg do padrão japonês.

Formato de Video

O ISDB-Tb usa compressões MPEG-4/H.264 de nível 1.3 para transmissão de vídeo para dispositivos não-portáteis e de nível 4 para transmissão de video para dispositivos portáteis, enquanto o ISDB-T original se utiliza de compressão MPEG-2. O formato permite proporções de 4:3 e 16:9 para Definição Padrão, conhecida como SD, e resoluções de dispositivos portáteis e de 16:9 para conteúdo em Alta Definição, conhecida como HD.

Resoluções suportadas para transmissão a televisores e outros dispositivos não-portáteis incluem:

  • 720x480i SD
  • 720x480p SD
  • 720x576i SD
  • 720x576p SD
  • 1280x720p HD
  • 1920x1080i Full HD

Resoluções suportadas para transmissões a dispositivos portáteis incluem:

  • 160x120 ou 160x90 SQVGA
  • 320x240 ou 320x180 QVGA
  • 352x288 CIF

Taxas de quadros para trasmissões do ISDB-Tb são fixadas a 30 ou 60 por segundo para dispositivos não-portáteis e 30 por segundo, no máximo, para dispositivos portáteis.

Formato de Áudio

Transmissões de áudio do ISDB-Tb são comprimidas no padrão MPEG-4 AAC Stereo para dispositivos portáteis e não-portáteis, e 5.1 multicanal também está disponível para dispositivos não-portáteis.

Multi-programas

Uma característica especial do ISDB-Tb é a possibilidade de transmissão de múltiplos programas no mesmo canal. Isso significa que um mesmo canal pode dividir sua programação em até três fontes de video distintas, com o exemplo mais comumente citado sendo transmissão de esportes em que espectadores podem escolher múltiplos ângulos de câmera da mesma partida. Para utilizar dessa características canais devem estar formatados dos seguintes modos:

  • Resolução HD combinada com resolução SD para 2 fontes de vídeo
  • Resoluções SD para 3 fontes de vídeo

Middleware de Interatividade

O Sistema Brasileiro de TV digital implementou um middleware para oferecer interatividade e instalação de aplicativos chamado de Ginga. Essa tecnologia, desenvolvida no Brasil, permite a visualização de informações, interação com programação de TV, como votações, e outras funções como operações bancárias e compras através dos televisores.

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